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Foto do escritorLeila Campos

Relacionamento Positivo: Como Resgatar a Intimidade

Atualizado: 21 de jan. de 2022

Tempo de leitura: 11 minutos

Muito se ouve sobre a possibilidade de viver um relacionamento perfeito. O amor supera tudo, dizem os crédulos. Isso soa como se existisse uma receita mágica para fazer um relacionamento funcionar, mas a realidade mostra que as coisas não são bem assim – relacionamentos são complexos por natureza. Em um relacionamento conjugal, isso é especialmente verdadeiro. Também não existem fórmulas que funcionem como “receita de bolos” até porque cada relacionamento é único e envolve pessoas únicas.

Acreditamos que para fazer melhorias num relacionamento e promover uma conexão que realmente valha a pena, primeiramente temos que promover um equilíbrio emocional e isso proporcionará um relacionamento maduro e harmonioso em todos os aspectos da vida.


Esse equilíbrio é a flexibilidade, é contrário de ser rígido de pensamentos e atos. A flexibilidade proporciona abertura necessária para rever ideias e conceitos a cada dia.


A Terapia Sexual Positiva auxilia o casal nessa compreensão para um relacionamento longevo.


Continue lendo para aprender mais sobre algumas maneiras de construir e manter um ótimo relacionamento.


Este artigo contém:


Entendendo a intimidade no relacionamento conjugal Um relacionamento cada vez mais assexuado Insatisfação sexual ou falta de intimidade sexual? Motivos para o descompasso conjugal Caminhos para o resgate da intimidade Segredos para estreitar a intimidade Uma mensagem para levar para casa

 

Entendendo a intimidade no relacionamento conjugal


Um relacionamento positivo exige dedicação e desejo de fazer dar certo. Requer de um e de outro, domínio de natureza intra e interpessoal capaz de levar as pessoas envolvidas a escolhas construtivas sobre seu comportamento pessoal e sua interação com seu par, em seus diversos desdobramentos e nas mais variadas situações do cotidiano.


Cada um deve ser capaz de desenvolver habilidades suficientes para estabelecer uma comunicação assertiva, criar atividades que fortaleçam a conexão do casal, ser capaz de desativar crenças, mitos e julgamentos equivocados sobre sexo e sexualidade e saber lidar com os problemas mais difíceis ou emocionalmente desafiadores.


Muitos casais chegam em nosso consultório com problemas sérios de relacionamento, alguns em vias de separação. As queixas são muito parecidas: perda da intimidade, falhas na comunicação, distanciamento, discussões e a sensação de que a relação está próxima ao fim. É comum ouvir durante a entrevista terapêutica relatos do seguinte tipo:

  1. Amo o meu marido, ele é bonito, atraente, nos damos bem, temos uma ótima vida social, nossos filhos estão grandes, mas com relação ao sexo me sinto culpada, pois parece que eu morri da cintura para baixo.

  2. Eu sei que meu marido não tem outra, mas ele não me procura mais, sinto que ele não tem mais desejo por mim.

  3. Existe amor e uma linda história de cumplicidade, mas hoje o sexo se transformou em obrigação para ficar tudo bem. Não está dando mais para aceitar, conversar não adianta mais, só uma ajuda de fora para nos ajudar.

  4. Passei tanto tempo administrando o lar e cuidando dos filhos que hoje me vejo sozinha com meu marido e na hora do sexo não sei por onde começar.

  5. Quando ela chega em casa traz os problemas do trabalho junto, está sempre “emburrada”. Se vou dar um beijo ela recusa e diz que está suada. Se faço um carinho “você só pensa em sexo”, ela retruca. Eu amo minha esposa, mas tudo é motivo para brigas.

Também recebemos casos em que um romance extraconjugal foi descoberto através de mensagens no celular. Se algum desses casos lhe parece familiar, se a harmonia do seu relacionamento dá sinais de desgastes, se você ou o seu par não consegue manifestar seus desejos íntimos e falar com naturalidade sobre fantasias e preferências sexuais, leia atentamente esse artigo até o final e não hesite em procurar ajuda de um profissional especializado na área da sexualidade.


Uma relacionamento cada vez mais assexuado


É muito importante entendermos que nos relacionamentos, principalmente os de longa data, é comum aos casais, independentemente de gênero, apresentarem diminuição ou perda da apetência sexual. A apetência vai minguando, se diluindo no desgaste diário do contato permanente. O tempo se encarrega de deixar marcas no corpo, destruindo ou desgastando os atrativos sexuais. O entusiasmo dos primeiros tempos vai sendo substituído por uma amizade cada vez mais assexuada.


Em absoluto isso significa que este casal esteja inadequado sexualmente ou que a intimidade no relacionamento esteja comprometida ou que o próprio relacionamento tenha se deteriorado com o tempo. Este casal pode estar perfeitamente adequado e ambos satisfeitos. Para eles as experiências sexuais não se resumem mais a presença ou não do coito ou orgasmo. A sexualidade é vivenciada em sua plenitude, na forma de qualidade de vida, harmonia perfeita e intimidade plena.


Outra questão também a ser considerada é a existência de adequação perfeita coexistindo com um estado de dupla disfunção. Um exemplo seria um casal onde o homem tenha uma disfunção erétil e a mulher apresente DSH pós climatério, por exemplo. Nesse condição, a disfunção sexual em ambos resultou numa adequação sexual que permite ao casal manter um relacionamento harmonioso e onde não existe cobranças por desempenho sexual.


Isso é possível quando não há insatisfação sexual em nenhuma das partes. Nesse caso as disfunções sexuais apresentadas em ambos não interferem negativamente no relacionamento afetivo, estando o casal adequado sexualmente.


Insatisfação sexual ou falta de intimidade sexual?


Na cadeia de normalidade sexual, qualquer fator que resulte em quebra dessa harmonia seguida de sofrimento, evidencia uma perturbação significativa na capacidade de uma pessoa responder sexualmente ou de experimentar prazer sexual. Essa condição fica evidenciada quando um ou outro ou ambos, estiver insatisfeito com o desempenho sexual do par ou seu próprio. Nesse caso existirá sofrimento por parte deste e consequente desgaste no relacionamento e a intimidade sexual do casal poderá ser comprometida.


A assertividade na comunicação tende aceder espaço aos conflitos e a monotonia e a perda da atratividade se fazem presentes. Desamor, infidelidade e lutas pelo poder passam a ser manifestações comuns nessa fase. Terapeuticamente dizemos que esse relacionamento está doente e o casal passa a ser a unidade terapêutica. Sob pena de ruptura da relação.


Vimos que a insatisfação sexual compromete a intimidade sexual do casal e o oposto é verdadeiro? A falta de intimidade sexual pode gerar insatisfação sexual?


Intimidade é aquela sensação de proximidade que surge quando compartilhamos a vida profundamente um com o outro. Entretanto para muitos, equivocadamente a intimidade é rapidamente associada a relação sexual. É claro que o relacionamento conjugal inclui intimidade sexual e isso deveria fluir naturalmente em um relacionamento conjugal. É dessa intimidade que estamos nos referindo, a intimidade sexual.


A intimidade sexual reflete fortemente vivências oriundas de fatos ocorridos desde a infância e onde estão presentes fatores relacionados a acontecimentos marcantes, dos quais podemos destacar a educação repressora, negligência emocional dos pais, conceitos religiosos rígidos, e costumes sociais alicerçados por tabus e preconceitos. A perpetuação da visão do sexo como pecado e a valorização da virgindade, assim como os preconceitos que sustentam a discriminação e expõem as diferenças de gênero e orientação sexual ainda permanecem no imaginário de muitas pessoas.


As crenças resultantes dessas experiências são introjetadas, principalmente nas mulheres, e podem permanecer encobertas como uma espécie de “vírus” dentro da personalidade e geralmente não são modificadas ou eliminadas por novas experiências, mesmo que positivas. Seguem influenciando, pensamentos, sentimentos, ações e interações na vida adulta, onde se manifestam por meio de conflitos internos e inseguranças.


Essas crenças limitantes são responsáveis pelo desenvolvimento inadequado da sexualidade, prejudicam o aperfeiçoamento do relacionamento intrapessoal e prejudica o autoconhecimento e automotivação. A falta de intimidade sexual daí resultante é, em grande parte, sustentada pela dificuldade que muitas mulheres têm em lidar com as questões sexuais.


Motivos para o descompasso conjugal


Esse descompasso conjugal está presente em grande parte dos casais, independentemente do tempo do relacionamento. Na maioria dos casos esses problemas se somam ao desconhecimento do próprio corpo e das sensações erógenas a ele inerente.


Uma percepção distorcida da imagem corporal gera uma autoimagem negativa levando a pessoa a se convencer que somente as outras pessoas são atraentes. Nesse ponto ela se convence que o seu corpo é resultado de um fracasso pessoal. Sentimentos de vergonha, ansiedade, baixa autoestima e mesmo depressão podem se acumular em um estado de isolamento social.


A discrepância desses valores desencadeia distúrbios emocionais que retroalimentam negativamente nossa interação social ao produzir conflitos intra e interpessoais. Além disso favorece o desenvolvimento de processos disfuncionais desencadeadores das disfunções e/ou inadequações sexuais que tanto prejudica a conexão e intimidade sexual do casal.


Caminhos para o resgate da intimidade


Resgatar a intimidade requer trabalhar a saúde sexual dentro de um contexto mais amplo e cuja abrangência envolve também os fatores emocionais e sociais. A resposta sexual tem uma base biológica essencial, embora, em geral, seja vivenciada em um contexto intrapessoal, interpessoal e cultural.


Dentro desse contexto a atratividade passa a exercer papel fundamental para a qualidade da saúde sexual e deve ser trabalhada com o apoio de um profissional especializado em terapia sexual para que seja possível a recuperação do desenvolvimento saudável da sexualidade e, dessa forma, ser possível regatar a intimidade partilhada, sem a obrigação dos desempenhos sexuais preestabelecidos.


É importante considerar que o ato sexual é basicamente uma atividade sensorial onde predominam as sensações auditivas, olfativas, visuais e táteis”. A terapia sexual positiva se utiliza de técnicas de focagem sensorial para estimulação dos sentidos e sensações táteis, utilizadas para o desenvolvimento das percepções sensoriais.


Além de possibilitar a transformação do encontro erótico em um momento de descoberta de si e do outro, tais técnicas favorecem a recuperação da sensibilidade perdida ao resgatar os sentidos endurecidos ao longo do tempo.


O focagem das sensações atua como um antídoto, desintegrando essa armadura sensorial propiciando o resgate da energia interior que motiva encontrar o amor, o contato e a intimidade. Mas para isso é imprescindível que o casal esteja aberto às linhas da comunicação na intimidade.

O focagem das sensações atua como um antídoto, desintegrando essa armadura sensorial propiciando o resgate da energia interior que motiva encontrar o amor, o contato e a intimidade. Mas para isso é imprescindível que o casal esteja aberto às linhas da comunicação na intimidade.


Segredos para estreitar a intimidade


Então vamos arregaçar as mangas e colocar em prática quatro segredos para o sucesso da intimidade maravilhosa no relacionamento:


Assertividade – Significa manter uma atitude positiva em relação ao outro – não tem relação com o estar certo ou errado. Passo para meus clientes que eles devem manter uma assertividade GAP, que na verdade são os Gestos, Atitudes e Palavras que fazem toda a diferença na relação. Autoestima e autoimagem – Ao se aceitar, se amar e se valorizar, a intimidade sexual fluirá em conexão com um relacionamento maravilhoso.


Autoconhecimento – Para se ter intimidade a mulher tem que conhecer o seu próprio corpo e saber exatamente onde e como receber as carícias que lhe despertem maior desejo e prazer.


Empatia – Saber se colocar no lugar do outro é abrir as portas para uma intimidade maravilhosa.


Uma mensagem para levar para casa


Ao abordar a questão dos problemas da intimidade no relacionamento e apontar a terapia sexual positiva como recurso fundamental para recuperação da harmonia conjugal, temos a plena convicção de estar proporcionando a muitos casais, que se encontram nessa situação, a possibilidade de retomarem o pleno desenvolvimento da sexualidade e a recuperação da saúde sexual fundamentalmente importantes para o compartilhamento de um relacionamento saudável e duradouro.


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